domingo, 18 de fevereiro de 2007

A desoras




são demais as horas em que perco a tentar achar-me
quase como uma técnica imperfeita de quem desenha
inúmeros esboços de uma perspectiva

recosto-me na cadeira e fico horas
sem ver mais ninguém senão a ilusória
e dolorosa imagem do espelho imaginário
tudo está ordeiramente arrumado e calmo do lado de lá

e o chão lambe-me os pés em movimentos transatlânticos
e intrauniversais em segundos-luz de cio social
mas saltam as farpas reflectoras do vidro

com a minha face desgrenhada e sou insistentemente
abolido do meu corpo laico e lacerado pelo ontem

o lugar de passageiro sempre foi mais seguro
e estou já estou cansada de guiar em contra-mão



Sérgio Ribeiro e Maria Rocha, 2007

4 comentários:

Anónimo disse...

Este é todo o muito intelectual e muito literário... e está no português, que não é uma língua que eu falo. Mas através das maravilhas de conexões do Internet eu traduzi meu comentário assim que minha própria poesia pode florescer em suas orelhas! Visite meu blog: está em gledwood2.blogspot.com. É um blog muito diferente, mas a maioria de povos dizem que gostam d. Deixe-me um comentário, por favor quando você vem!! Todo o mais melhor agora. Gledwood

delusions disse...

são demais as horas...são sempre demais essas horas. o poema é lindo.

Bom carnaval*

Maria disse...

Conceição,

Agradeço este e o comentário anterior. E mais até pela estão feitos. Gostei bastante de lê-los.
Já estive no num dos seus cantos e voltarei com mais calma e comentarei também.

Muito obrigada,

Maria Rocha.

Maria disse...

delusions,

Um abraço e desejo-te também um resto de feliz dia! ; )

Assim que a minha disponibilidade me deixar vou comentar os textos que tenho lido teus.

Peço desculpa por não ter comentado nada ultimamente.

Beijo,

Maria