quarta-feira, 13 de junho de 2007

Perscrutações



nasce a efémera impossibilidade
das árvores engravidarem de flores de março

O copo de água alinhado com a caneta de reserva.

antecede-me o tempo
em que terra firme
se desfaz
se transforma
se envolve
por entre as pedras
rotas da calçada
da cidade

O bloco confia o silêncio ao portador - concede-lhe tudo.

são ossos que nos protegem
da última explosão do sol

O ritmo é cadenciado, doloroso e cordialmente sincero.

a cidade continua destruída
e há vestígios de mar
no último andar dos prédios

O copo de água não é adereço. Está, agora, quase no fim. E foi, entretanto, saboreado como se fosse uma onda gigante em contínua devastação.

ressuscitam palavras
onde imagens de alucinação
cedem lugar à ineficácia do vácuo

Um mundo de caos através de uma voz incapaz.

são facas nos olhos
e um coração fora do lugar






Em espiral renascente.


Maria Rocha, 2007

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