sábado, 2 de dezembro de 2006

Explícito


não há muito que te pertença aqui nos destroços das palavras
que conseguiste arrancar do meu corpo
ficaram as nódoas do sangue inextinguível
por entre as camadas de pele
ficaram os ossos no mesmo sítio
apesar do ruído dos mesmos a estalar ter ensurdecido um par de
ouvidos
na verdade, não há nada que te pertença nestes centímetros de
carne
além dos destroços das palavras

e

das marcas dos dentes incisivos na parte de dentro dos pulsos







nunca te contaram a história da evolução e do progresso,
pois não?

repara: uma linha permite-nos evoluir mas um círculo não

da próxima, alimenta-te de forma linear



Maria Rocha, 2006

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