quinta-feira, 14 de junho de 2007

Remisso


são armas
que carreiam

longe,
à volta,
por cima

e

dentro do peito
que cercam a liberdade dos gritos sufocados

constroem-se ruínas de horas
desde que as palavras se tatuam com dentes

e

com sangue em detalhadas partes do corpo

é o inumerável desejo de ser inconveniente
para que nunca mais nos esqueçamos de desligar a luz
de presença todas as noites

alguém rangerá os dentes à mesma hora com o ruído
mórsico de um ódio crescente à nossa presença

é talvez o desistente gesticular que nos denuncia
em cada plano desenhado, arquitectado e, inocentemente,
amado

ninguém saberá (nunca) o que nos habita

as portas de casa estão escancaradas e isso nunca reservou
curiosidade

invadem-nos, é certo, mas nunca capazes de nos atravessar

(nunca) ninguém provará o nosso inextinguível sangue



Maria Rocha, 2007

2 comentários:

|___XyZ___| disse...

E eu continuo a ler-te e a gostar cada vez mais ... :D

"ninguém saberá (nunca) o que nos habita"

Bacci

delusions disse...

"(nunca) ninguém provará o nosso inextinguível sangue"

um poema cheio de força!adorei mais este trilho que desenhaste nas/com as palavras. para não variar!

bjinho boa semana*