quarta-feira, 4 de julho de 2007

Éter



já não me lembro do mapa
e há uma incapacidade de luz
que se despenha contra as paredes ensanguentadas
dos crimes

hoje vou-me deixar guiar por
um estranho conhecido que indicará o número
de passos e a quantidade de inspirações de que
preciso para sobreviver a mais um acidente

já nada terá o seu brilho, a sua inocência
mesmo havendo um cofre cheio de silêncio e de
segredos incendiados

foi uma queda casual e causal
mas ainda assim uma queda que me deixou
com uma galáxia de cicatrizes por todo
o horizonte

os olhos necessitam de pouca luz
para observar todos os partos mais sinceros
que irrompem de todas as direcções, de todas as mãos



nem sempre os astros sonham com (a) eternidade



Maria Rocha, 2007

3 comentários:

s. disse...

gostei imenso. fazes-me lembrar o josé agostinho baptista :)

João Morgado disse...

Quantos passos deste?

Espero que um número ímpar deles, para começares sempre com o mesmo pé.

Gostei *

Maria disse...

s.:

Não conhecia o senhor e fui pesquisar sobre ele e encontrei uns poemas pelo caminho... Gostei bastante. Agradeço-te.

---

João:

Companheiro de banda, ahah. Dei... deixa cá ver... hum... não sei ao certo, vendaram-me os olhos e desconcentrei-me a imaginar os sítios por onde passava.

Sempre com o mesmo pé apesar de não crer nessas superstições. Acho que é só porque estou habituada.


Obrigada. *