quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

(Laurel Thouin)

disseram-me que nascia sozinho, que vivia sozinho e que, impreterivelmente, morria sozinho. pergunto-me quem seriam todas aquelas sombras aquando do meu primeiro suspiro e todas as outras com quem me cruzei até hoje. porque, para mim, são sombras. as cores vêm depois quando consigo vislumbrar os olhos, os milhares pares de olhos que me evitam há tanto tempo. então é assim: eu vou fazer de conta que estão todos aí no escuro mas não vou ter medo dele. vou reinventar o conceito de medo e vou destronar todos os receios que tenho. quando somos pequenos temos sempre alguém que nos dê a mão, que nos puxe os lençóis à noite e nos dê um beijo na testa antes de adormecermos. quando crescemos as pessoas deixam de dar abraços por terem receio de sufocar os outros, porque, pelo facto de não os darem há tanto tempo, esquecem que é preciso dá-los para que os possam receber. mas vamos esquecer isso também. o que eu advogo hoje é que não me importo de estar sozinho mesmo que esteja no meio de tanta gente quase sempre a pisar-me, quase sempre a dar-me uma mão, quase.

Maria Rocha, 2009

5 comentários:

Sara Almeida disse...

Minha querida Amiga (com letra grande) o tempo passa, cada vez mais depressa, cada vez mais histérico e apesar da ausência, da distância, das circunstâncias, eu não me esqueço das pessoas que eu amo, adoro e admiro.
Tu sempre foste uma dessas pessoas e durante muitos anos nos acompanhámos sempre em silêncio, esse mesmo silêncio que nos acabou por juntar.
Nos inúmeros encontros e desencontros te vejo e te sinto como uma dessas raras pessoas em quem deposito a minha amizade.
"Apesar dos cafés combinados, dos longos meses sem nos cruzarmos..." como tu dizes, apesar de tudo isto, não te esqueço e quero aqui comigo Sempre, nesses nossos silêncios e espaços que ocupamos nas noites e dias de Lisboa, essa cidade que nos acaba sempre por juntar.

Um Beijo à Maria*

T.E. disse...

e por aqui também

PEdro disse...

o video tem tanto de belo como de chocante.. o tempo está mesmo a passar..

Vanessa Lourenço disse...

Nasces sozinho, morres sozinho...dás-me a honra de te segurar a mão nos entretanto de tanto facto irrevogável?***

Maria disse...

Sara:

Um dia destes, quando não dermos conta, vamos esbarrar uma na outra e vou-te, finalmente, roubar um par de horas para falar, para te ouvir a falar, principalmente. Tenho saudades disso. E isto das saudades é terrível, mas relembra o melhor de nós e dá-nos mais... qualquer coisa. Vamos ao café dos teatros de novo? Vamos?

Isto será sempre honesto.
Até já. ***

Vanessa Lourenço:

Send me a postcard from Faraway Kingdom and i'll be right where you are.

Acedo, claro, meu bem. :)