sexta-feira, 6 de março de 2009

Notas para o caderno vermelho



A primeira coisa que tenho a dizer-te é que me fizeste pegar na caneta e isso vale muito. Não tanto como tu. E eu podia guardar isto para o final, mas não quero que ele chegue, lembras-te? Às vezes tenho medo de não conseguir dar suficientemente, de não conseguir sentir. Mas depois apareces, transportas-me para ruas, cidades e países paralelos e melhorados. Esqueço-me de todos os que estão à nossa volta e concentro-me sem esforço algum no que estamos a criar. Uma simples gota de água na cara, um guardanapo de papel podem e têm um efeito imenso sobre as nossas acções, sobre os nossos risos. E eu já não sei o que é sorrir sem ter o teu eco abraçado ao meu. E estou-me nas tintas... a grande velocidade e cada vez mais longe sempre que me agarras na mão, sempre que me beijas a testa e me dizes que vai tudo ficar bem porque sabes que peço ajuda quando mais ninguém sabe. É isto. É andar de carro contigo, convosco e perceber que fazemos parte da estrada, que estamos em andamento e que só vemos o escuro do alcatrão, as luzes nocturnas e o branco que divide as faixas. É ligar o rádio, aumentar o volume e cantar sem ter medo de desafinar, saber que sempre se soube a letra daquela música e perceber naquele momento o porquê de a saber. E esqueço-me de que estou a cantar, porque, estou a sentir. É passar a saída para casa e percorrer mais um pouco da cidade e não nos importarmos com as horas, com a temperatura, com absolutamente mais nada. É encontrar beleza em coisas pequenas e engrandecê-las com a nossa presença. Porque ao sermos melhores fazemos dos outros melhores. É saber que somos um bocadinho adultos mas que ainda sabemos abraçar, que estamos sozinhos mas nem sempre precisamos de estar. É ter-te aqui comigo sempre e mesmo assim sentir a tua falta. É saber que posso chorar e que vou ter o teu regaço pronto para me amparar. É fazer promessas e saber que as vamos cumprir e ter saudades do que se acabou de viver.


É o meu amor que é teu.


dedicado

1 comentário:

Vanessa Lourenço disse...

Notas do caderno vermelho, para o papel de carta, para o envelope grená, gosto desta palavra, sempre gostei, grená. Sempre te amei, sempre, desde que te vi, lembras-te?***