quarta-feira, 18 de abril de 2007

Onde a noite acaba



todos os vícios e todas as palavras suas filhas
são incapazes de se consumirem
seria como uma cobra morder a sua própria língua
sabe que os mais fortes são feitos do mesmo que os outros
e nós somos os Deuses de todos os vícios
fazemos parte dos que já esquecem o que é o Bem
mas que trazem todo o Mal em cada viagem

as mãos e todos os gestos passam pela liberdade
e sabemos que tudo o que somos está destinado
à corrupção do corpo enquanto a mente vai lutando
gravemente entre a cedência lenta e todo o gesto mais asfixiante
as cores vão perdendo a essência
e vamos ficando cegos com os anos

e daríamos uns bons cadáveres
se morrêssemos jovens
e talvez ninguém descobrisse
que tal como não fazemos falta agora
também nunca iríamos faltar a ninguém


Maria Rocha, 2005

3 comentários:

João Morgado disse...

Realmente gosto mais quando usas pontuação!
Não sei se fizeste de propósito (provavalmente fizeste), mas o início do texto estava algo confuso, tive que ler e reler. Mas isso também acontece porque eu sou lento por natureza! Mas a partir da quinta linha do primeiro verso já me saiu tudo limpinho!
Epá, tu és uma jovem de talento! Isso é inegável. E é bom ver que à uns anos não escrevias sobre cenas gós ou literatura à la Paulo Coelho (O homem escreve bem, não o nego! Mas à muito pessoal que pensa que são sósias do senhor ou assim).

E não escrevias com XiXeS nEmX cOixO e TaLx!

O que me deixa a lacrimejar quase! Muito sinceramente acho que os teus textos são muito bons! Eles mostram que és uma escritora versátil. Porque não escreves sobre um único tema. O que é extremamente bom! Maria Rocha (Mary Stone), se eu me chamasse Maria Rocha e tivesse o cabelo ruivo, apostaria em publicar mais uns livrinhos! Mas isso era se eu me chamasse Maria Rocha e tivesse o cabelo ruivo!*

Lobo disse...

Cada vez que "te" leio, fico embrenhado no que dizes e nas imagens que passam na minha cabeça.
As palavras fluem e surgem sentimentos, claro que, interpretativos do que quererás dizer. E gosto.
Beijinho.

Unattached disse...

A ultima quadra assustou-me um bocado, não sei ao certo porquê. Mas é ter essa força de impacto que torna grande parte dos teus textos assim, incriveis. :]*