quarta-feira, 9 de maio de 2007

Fantasma



Estou ausente de mim grande parte da minha vida.
Faço por estar.

Não tenho medo de mais ninguém senão de mim.
Já estou tão longe de mim que acho que habito agora o vácuo espaço dos que se perdem de si pelo caminho íngreme que é esta rua de um sentido apenas.
Sinto o corpo a cair no vício de não querer saber de si e nem isso me incomoda.
O medo a ocupar-me por completo.
O medo a ocupar-me por completo e eu sem saber o que fazer.
Habito uma noite por saber que só ela possui todo o vazio que não me desfaz.


Maria Rocha e Adriano Guimarães Sodré , 2007

5 comentários:

delusions disse...

"Habito uma noite por saber que só ela possui todo o vazio que não me desfaz."

...

fiquei sem palavras...demasiadas ausências de nós...demasiadas noites assim. adorei.

Bjs* até uma próxima...

Anónimo disse...

Não tenhas medo Maria. És mais que essa ausência (embora também sejas a ausência, inevitavelmente). No vazio também se constrói. E tu edificas com a palavra.

Eu compreendo...

Joanne disse...

A ausencia é um optimo construtor de gente. Gente forte, gente que se sente perdida mas que se encontra.

Eleanor Rigby disse...

"Sinto o corpo a cair no vício de não querer saber de si e nem isso me incomoda. "


como senti este texto Maria...como o senti...


:)

*

Lobo disse...

Por vezes essas ausência transformam-se em períodos de auto conhecimento... :)