a cura para a minha insanidade
é a ignorância que recuso aceitar;
são as pedras que piso e volto a pisar
como o ar que insisto em julgar,
qual veneno oferecido, embrulhado
e guardado no cofre do passado
será possível auto-administrar-me
o racionamento de ar e de passos
que devo consumir para que me
não perca entre o limite máximo
de mim – do que fui, do que sou –
serei eu capaz de me converter
em qualquer uma das partes?
ou ficarei eternamente
esquinado nas mesmas ruas
onde já falo com as mesmas
pedras que piso e que volto a pisar?
a cura para a insanidade
afasta-se cada vez mais
de cada vez que me abro
e deixo que me esquartejem
os órgãos
investigam-me
de fora para dentro
e dentro para fora
com ferramentas
e objectos cirúrgicos
stop.
na verdade, alucino.
agora mesmo
vagueio por
entre
as curvas
das palavras
rectilíneas
dos médicos que me dizem
que tenho seis meses de vida
e
ao invés
de dar graças pelo tempo
que foi me concedido
rio para dentro
e penso no número três
e como seria profético
restarem-me três
meses para me curar
ou mergulhar-me
na doce ignorância
de quem não sabe
onde e como nascemos e como e onde
(nos) terminamos
não falo. não falho.
não falarei. não falharei.
tatuei-me com um ferro
em fogo para que depois
de me render à última morada dos loucos
jamais me esqueça de onde vim
da casa dos doentes
é a ignorância que recuso aceitar;
são as pedras que piso e volto a pisar
como o ar que insisto em julgar,
qual veneno oferecido, embrulhado
e guardado no cofre do passado
será possível auto-administrar-me
o racionamento de ar e de passos
que devo consumir para que me
não perca entre o limite máximo
de mim – do que fui, do que sou –
serei eu capaz de me converter
em qualquer uma das partes?
ou ficarei eternamente
esquinado nas mesmas ruas
onde já falo com as mesmas
pedras que piso e que volto a pisar?
a cura para a insanidade
afasta-se cada vez mais
de cada vez que me abro
e deixo que me esquartejem
os órgãos
investigam-me
de fora para dentro
e dentro para fora
com ferramentas
e objectos cirúrgicos
stop.
na verdade, alucino.
agora mesmo
vagueio por
entre
as curvas
das palavras
rectilíneas
dos médicos que me dizem
que tenho seis meses de vida
e
ao invés
de dar graças pelo tempo
que foi me concedido
rio para dentro
e penso no número três
e como seria profético
restarem-me três
meses para me curar
ou mergulhar-me
na doce ignorância
de quem não sabe
onde e como nascemos e como e onde
(nos) terminamos
não falo. não falho.
não falarei. não falharei.
tatuei-me com um ferro
em fogo para que depois
de me render à última morada dos loucos
jamais me esqueça de onde vim
da casa dos doentes
Sérgio Ribeiro e Maria Rocha, 2006
5 comentários:
Eu conheço esta imagem...
Parabéns aos dois.
Gostei imenso.
Até *
Pois conheces. ; )
"This is necessary.Life feeds on life feeds on life feeds on life..."
Fico contente de te saber aqui neste novo canto.
Um até breve mesmo breve - espero.
*
Lá esperar esperamos nós :P
Onde estiveres eu estarei também, numa sombra escondida do teu palco. Dá-me imenso gozo ver-te brilhar...
Inspiras-me a voltar a escrever...Estou quase, quase, por assim dizer.
Abraço, Forte *
P.S- Adorei o teu humilde e-mail de Natal ;)
Fico à espera de te poder ler de novo, minha Amiga.
E havemos de nos ver muito em breve.
*
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