sábado, 17 de janeiro de 2009







fechado para obras








Antes de ir




Podia começar com um "olá, prazer em conhecer-te" ou com um "vamos tomar um café", e posso, mas não faria nenhum sentido. O que somos é uma continuação extensa como as linhas da estrada que se perdem na visão cansada. Pára. É só mais uma analogia, mais uma metáfora. Das nossas, sabes? Claro que sim. Como saberes que isto é para ti, que estou em silêncio deste lado mas que sabes que todo ele é para ti, que te faz uma vénia de cá no escuro por te saber a precisar de algo. Ou só mesmo a hipótese de te saber menos confortável, um bocadinho menos feliz. Eu não sei quanto tempo cá vou estar, mas já mudei consideravelmente a minha vontade em relação ao tempo. Mudei, sobretudo, o modo como encaro o que se me apresenta.

É um baptismo.
Encara-o também assim.
Conseguimos mudar o nosso mundo.


E não é só uma promessa, é um facto consumado. Temos as pessoas certas - o que quer que isso signifique - a circundar-nos. E conseguimos juntá-las, aproximá-las e assim estamos mais seguras. Mas nunca te esqueças que estando comigo a segurança é certamente perigosa. A espontaneidade tem sido aguçada contigo por perto e eu, bom, eu sempre quis ser livre desta forma. Nunca é demasiado dizer o que nos habita. Nunca é demasiado expressá-lo das mais variadas formas. A genialidade disto é que acho que descobrimos algo que muitas pessoas nunca vão encontrar. Não deixa de ser segredo por eu dizer a toda a gente. Metade da fórmula está em mim, a outra metade é tua. Como o meu propósito por cá. Também te pertence.






Maria Rocha, 2009

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

On reste ici



e são as palavras que te atiram para o fundo de algo por vir
sem malha nem rede a cobrir-te. apenas palavras, versos ou efeitos riscados pelo paladar do caiado vento ao tocar em ti

a prosa de nada de serve quando não se sabe ler ou escutar as vozes incautas que afectam as cores do mundo e o sorriso dos cães com

cio

ontem ou antes vi-nos de mão dada a visitar uma estrela. quero ser contigo e contigo tudo ser sem intervalos.

quero o tudo contigo ate ao fim de tudo. depois de tudo ficamos nós.


dizia o manel* que somos nós o fim que existe em nós. dá-nos poder, sabes. pensar isso, senti-lo, sobretudo. perceber que marcamos a diferença mesmo que permaneçamos em silêncio. e por falar nisso (afinal, o silêncio é falável, dizível, entendível, intelegível), não digas nada. dizer por dizer, senta-te antes aqui e nota
a estrela a ganhar dimensão e fecha os olhos. ficas tu e o teu fim.
eu vou ficando também,



enquanto me deixares.







(*manel cruz)



Pedro Andrade
e Maria Rocha, 2009


---


(Texto I da série de colaborações)

terça-feira, 6 de janeiro de 2009




"És das pessoas mais fortes que conheço."

domingo, 4 de janeiro de 2009

A pedido da Sofia*


Se calhar, vem um tanto fora de tempo, de lugar, mas nem antes acedia a este tipo de coisas. É por ter sorrido quando vi o meu nome nas quatro pessoas escolhidas pela minha Sofia* (quem eu conheci como Vera). Ficámos em suspensão. Das últimas lembranças que tenho (nossas) são as noites no Bairro Alto com as caipirinhas, as promessas para o futuro, as partilhas dos amores e dos desamores. "A câmara ama-teee..." Éramos tão pequenas. E eu tenho saudades dessa ingenuidade, do que aprendi ao mesmo tempo que tu, dos nossos longos ensaios, das nossas caminhadas até lá, dos nossos cafés de Verão, das peças, das conversas, dos abraços (que foram poucos, eu tinha medo e na altura não os conseguia dar, só se mos arrancassem). Tenho saudades. Tuas, minha Amiga.



1. Colocar uma foto individual.









2. Escolher um artista/banda.

Pearl Jam

3. Responder às seguintes questões somente com títulos de canções ao artista/banda escolhido:

- És homem ou mulher? Crazy Mary

- Descreve-te: Undone

- O que é que as pessoas pensam de ti? Nothing As It Seems

- Como descreves o teu último relacionamento? Rearview Mirror

- Descreve o estado actual da tua relação: Smile

- Onde querias estar agora? Around The Bend

- O que pensas a respeito do amor? Release

- Como é a tua vida? Leash

- O que pedirias se pudesses ter um só desejo? Given To Fly

- Escreve uma frase sábia: State Of Love And Trust

4. Escolher 4 pessoas para responder ao desafio sem esquecer de os avisar.




Vanessa, a japonesa* ;

Pedro;

Maria;

Mário.

---

Então, bom ano. :)

mar*

Mas



mas um ponto final ou a cadência de uma frase em aperto é-me por demais reconfortante. habituei-me a encontrar-me nas entrelinhas dos poetas que li. foram e são poucos, ainda. recordo-me que não gostava de poesia - não a compreendia. como muito do que vivo, ainda - também. assusta-me a intensidade do que me passa entre as mãos. então, afasto-me. o corpo permanece mas eu saio e vagueio e consigo ver-me de fora. apreciar a paisagem e a minha expressão enquanto a envolvo. começar por acordar com uma 'boa noite' parece-me o equivalente a começar mais uma vida com um 'mas'... 'ainda tinha tanto por.'.. e estás cá de novo. já não consigo prender-me num assunto. talvez já me tenha libertado demasiado e agora não precise de ser só mais um autómato em traço contínuo. reservo sempre o talvez e o mas, porque também eles me reservam espaços interrogáveis que trazem liberdade. eu sei. já devia ter aprendido a separar as palavras gigantes e já as devia ter arrumado, mas não consigo. elas não deixam e eu... não quero. nunca mais me zanguei com o mundo. só comigo. de vez em quando, choro. deixo acumular mais uma gota de mar e há determinados dias em que consigo criar tempestades só minhas. e seja lá pelo que for, faz-me sorrir se chorar. agora. não digas a ninguém, mas eu não escrevo mais, não me sento aqui ao pé de ti as vezes que queria porque tenho receio que as vezes sejam tracejadas na parede como acontece com os presos. mas sorri. é que assim convencemo-nos de que somos pequenos deuses do nosso mundo.

Maria Rocha, 2009